Sistema de tratamento biológico em que a estabilização da
matéria orgânica é realizada predominantemente por processos de fermentação
anaeróbia, imediatamente abaixo da superfície, não existindo oxigênio
dissolvido. Essas lagoas possuem grandes vantagens para águas residuais com
alto teor de matéria orgânica e de sólidos, sendo empregada como primeira fase
de tratamento biológico. Para funcionarem, dependem de um delicado equilíbrio
entre as bactérias formadoras de ácido e as formadoras de metano. Para isso, a
temperatura deve ficar acima de 15°C e seu pH deve ser mantido acima de 6. Se
essas circunstâncias forem mantidas, o acúmulo de lodo será mínimo. Esse tipo
de tratamento remove até 60% de DBO.
As lagoas anaeróbias tem sido
utilizadas no tratamento de esgotos domésticos e despejos industriais
predominantemente orgânicos, com altos teores de DBO, como matadouros, laticínios,
bebidas, etc.
A conversão da matéria
orgânica em condições anaeróbias é lenta, pelo fato das bactérias anaeróbias se
reproduzirem numa vagarosa taxa. A temperatura do meio tem grande influência
nas taxas de reprodução da biomassa e conversão do substrato, o que faz com que
as regiões de clima quente se tornem propício a este tipo de lagoas. Elas são dimensionadas para
receber cargas orgânicas elevadas, que impedem a existência de oxigênio
dissolvido no meio líquido. Sua profundidade geralmente varia de 3,0 m a 4,5 m
e o tempo de detenção hidráulico nunca é inferior a 3 dias (KELLNER e PIRES,
1998). De acordo com Sperling (1996), o tempo de detenção hidráulico varia de 3
a 6 dias. Para estes mesmos pesquisadores, por não haver oxigênio dissolvido em
seu meio líquido a matéria orgânica ali presente é digerida anaerobicamente.
Segundo Gloyna (1971) citado por Kellner e Pires (1998), a eficiência da
remoção de DBO nas lagoas anaeróbias está intimamente relacionada com a
quantidade e natureza dos sólidos sedimentáveis presentes no esgoto bruto
afluente.
Descrição
do processo:
A
conversão anaeróbia é um processo sequencial, se desenvolve em duas etapas
Primeira fase: Liquefação e formação de ácidos , através das
bactérias acidogênicas: A ausência de oxigênio, transformam compostos
orgânicos complexos em substâncias mais simples, principalmente ácidos
orgânicos.
Resultando em:Produção de material celular; Produtos mal cheirosos (gás sulfídrico, mercaptana); pH baixa para 6, até 5.
Resultando em:Produção de material celular; Produtos mal cheirosos (gás sulfídrico, mercaptana); pH baixa para 6, até 5.
Segunda fase: Formação de metano,através das bactérias
metanogênicas: Transformam os ácidos orgânicos formados na fase inicial em metâno (CH4) e
dióxido de carbono (CO2).
Resultando em:Formação de escuma de cor cinzenta e aspecto feio; Maus odores
desaparecem; pH sobe para 7,2 ou 7,5; Temperatura deve manter-se acima de 15°C.
Bactérias metanogênicas são bastante sensíveis às
condições ambientais, causando uma redução na taxa de reprodução, resultando em
um acumulo de ácidos formados na primeira etapa. As consequências disso são:
Interrupção da remoção da DBO; Geração de maus odores, os ácidos são
extremamente fétidos. Por isso, o fundamental é um equilíbrio entre as duas comunidades de bactérias.
A crosta cinzenta escura de escuma, típica de lagoas
anaeróbias extremamente benéfica , pois: impede o desprendimento de gás
sulfídrico para a atmosfera; Interpõe à penetração de luz solar na lagoa,
impedindo assim o desenvolvimento de algas, que produzem oxigênio na camada
superior; Protege a lagoa contra curto – circuitos, agitação provocada pelos
ventos, e transferência d oxigênio da atmosfera;
Conserva e uniformiza a temperatura no meio líquido,
impedindo a sua alteração por súbita modificação no meio externo; Impede o maior aquecimento da superfície líquida durante
o dia, e o rápido esfriamento durante a noite.
Classificação das lagoas anaeróbias em dois modelos
hidráulicos básicos:
Lagoa anaeróbia convencional:
Lagoa anaeróbia de alta taxa:
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