segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO ANAERÓBIAS


       Sistema de tratamento biológico em que a estabilização da matéria orgânica é realizada predominantemente por processos de fermentação anaeróbia, imediatamente abaixo da superfície, não existindo oxigênio dissolvido. Essas lagoas possuem grandes vantagens para águas residuais com alto teor de matéria orgânica e de sólidos, sendo empregada como primeira fase de tratamento biológico. Para funcionarem, dependem de um delicado equilíbrio entre as bactérias formadoras de ácido e as formadoras de metano. Para isso, a temperatura deve ficar acima de 15°C e seu pH deve ser mantido acima de 6. Se essas circunstâncias forem mantidas, o acúmulo de lodo será mínimo. Esse tipo de tratamento remove até 60% de DBO.
          As lagoas anaeróbias tem sido utilizadas no tratamento de esgotos domésticos e despejos industriais predominantemente orgânicos, com altos teores de DBO, como matadouros, laticínios, bebidas, etc.
              A conversão da matéria orgânica em condições anaeróbias é lenta, pelo fato das bactérias anaeróbias se reproduzirem numa vagarosa taxa. A temperatura do meio tem grande influência nas taxas de reprodução da biomassa e conversão do substrato, o que faz com que as regiões de clima quente se tornem propício a este tipo de lagoas. Elas são dimensionadas para receber cargas orgânicas elevadas, que impedem a existência de oxigênio dissolvido no meio líquido. Sua profundidade geralmente varia de 3,0 m a 4,5 m e o tempo de detenção hidráulico nunca é inferior a 3 dias (KELLNER e PIRES, 1998). De acordo com Sperling (1996), o tempo de detenção hidráulico varia de 3 a 6 dias. Para estes mesmos pesquisadores, por não haver oxigênio dissolvido em seu meio líquido a matéria orgânica ali presente é digerida anaerobicamente. Segundo Gloyna (1971) citado por Kellner e Pires (1998), a eficiência da remoção de DBO nas lagoas anaeróbias está intimamente relacionada com a quantidade e natureza dos sólidos sedimentáveis presentes no esgoto bruto afluente.


Descrição do processo:

                A conversão anaeróbia é um processo sequencial, se desenvolve em duas etapas

Primeira fase: Liquefação e formação de ácidos , através das bactérias acidogênicas: A ausência de oxigênio, transformam compostos orgânicos complexos em substâncias mais simples, principalmente ácidos orgânicos.
Resultando em:Produção de material celular; Produtos mal cheirosos (gás sulfídrico, mercaptana); pH baixa para 6, até 5.
Segunda fase: Formação de metano,através das bactérias metanogênicas: Transformam os ácidos orgânicos formados na fase inicial em metâno (CH4) e dióxido de carbono (CO2).
Resultando em:Formação de escuma de cor cinzenta e aspecto feio; Maus odores desaparecem; pH sobe para 7,2 ou 7,5; Temperatura deve manter-se acima de 15°C.

           Bactérias metanogênicas são bastante sensíveis às condições ambientais, causando uma redução na taxa de reprodução, resultando em um acumulo de ácidos formados na primeira etapa. As consequências disso são: Interrupção da remoção da DBO; Geração de maus odores, os ácidos são extremamente fétidos. Por isso, o fundamental é um equilíbrio entre as duas comunidades de bactérias.
          
                  A crosta cinzenta escura de escuma, típica de lagoas anaeróbias extremamente benéfica , pois: impede o desprendimento de gás sulfídrico para a atmosfera; Interpõe à penetração de luz solar na lagoa, impedindo assim o desenvolvimento de algas, que produzem oxigênio na camada superior; Protege a lagoa contra curto – circuitos, agitação provocada pelos ventos, e transferência d oxigênio da atmosfera;
Conserva e uniformiza a temperatura no meio líquido, impedindo a sua alteração por súbita modificação no meio externo; Impede o maior aquecimento da superfície líquida durante o dia, e o rápido esfriamento durante a noite.




Classificação das lagoas anaeróbias em dois modelos hidráulicos básicos:

Lagoa anaeróbia convencional:



Lagoa anaeróbia de alta taxa:






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